Se tem um cara que eu daria tudo que tenho é meu pai. Ele é meu ídolo e não porque sou seu filho, mas sim porque ele é um cara incrível. O que mais admiro em você é sua capacidade incrível de superar as dificuldades que a vida coloca em sua frente.
Ficou órfão do pai ao cinco anos; viu a última grana da família ser gasta pra pagar a faculdade do seu irmão, lutou e foi para a cidade grande. Teve uma juventude de liberdade e alegrias. Largou tudo e veio para o interior de Santa Cruz, um fim de mundo comparado onde tu andava. Conheceu a mãe e acho que meio sem querer eu apareci na história. Naquela época as coisas eram difíceis e bravamente você encarou tudo e todos, não desistiu e com luta, garra e tolerância adquiriu, pelo suor cada coisa na vida. Não foi muito, mas também nunca foi pouco. Foste um pai como poucos, sempre justo e presente. Nunca falou muito comigo e nem precisava, pois seu olhar, seus gestos sempre falaram por ti.
Ainda hoje lembro do chevrolet verde que enfrentava frio, chuva e noites em claro pra trazer comida pra casa. Lembro do ronco do caminhão subindo a lomba de casa a noite eu eu alegre que ficava de reconhecer o barulho e correr pra frente de casa pra te esperar. Ficava contente de sentir o cheiro do motor diesel, guerreiro estacionando em casa. E quanto me encheia o coração quando você trazia um pacote de balas ou um sorvete ou qualquer coisa que tinha junto. Lembro das vezes que eu ia junto e de tão pequeno que eu era conseguia ficar de pé em cima do banco e nem batia a cabeça no teto. Lembro da felicidade que era eu tirar seus sapatos e buscar os seus chinelos no quarto e fuçar no meio dos seus dedos.
O tempo passava e eu crescia sem perceber. Os tempos bons iam ficando pra trás e a gente nem percebia. Chegara minha adolescência e o caminão não fazia mais parte da família. Você abrira uma sorveteria e trabalhava noite e dia naquela máquina e quando cansava daquilo corria pra trabalhar na oficina em casa. Aprendi o ofício e te ajuda com alegria. Também no chapeamento eu mexia e aprendi como poucos nesse Brasil a trabalhar numa lataria com qualidade. Aprendi contigo também mecânica e dignidade, gosto pelo trabalho e força de vontade. O governo mudou, a economia também e as coisas ficaram difíceis. Mas nem assim as coisas faltaram em casa. Teu trabalho sempre foi suficiente. Calotes te deram, e você se manteve. Arregaçou ainda mais as mangas e encarou a vida com seriedae. Veio meu irmão e acho que você se realizou duplamente. Ambos te amamos meu pai. O tempo passou e as coisas não melhoraram. Sim, os tempos de fartura e alegria ficavam cada vez mais distantes. Quase morreu em um acidente. Perdeu muito, mas não se abalou. Trabalhamos juntos e como sempre me incentivava para estudar, embora eu não quisesse. Entrei para faculdade e com seu esforço ela foi se concretizando. Mas as vacas magras contiuavam a pastar em casa. Mais calotes e sua boa vontade atraía falsários para nossa família. Mas encaraste as dificuldades e com trabalho e esforço redobrados andou pra frente. Caí de moto, quebrei a perna e esteve ao meu lado. Vendeste bens e submeteu-se para me ver melhor. Melhorei. Depois veio minha leucemia e por 8 anos lutamos juntos. Não sei como conseguiste meu pai. Tiraste forças da onde? Perdeu o resto que tinhas. Poucos deram ajuda. Muitos viraram as costas. Teus cabelos ficaram brancos, os óculos te chegaram como parceiros para não mais te abandonar. As preocupações trouxeram o vício do cigarro e o trabalho massante secou teu corpo. O vigor e a virilidade de antes hoje são apenas percebidas pela força da tua voz. Alta por verdade, mas serena. Minha saúde piorava e estando eu a dias de um fim inglório, largou teus a fazeres, endividado, exausto e cabisbaixo não me abandonaste. Vi chorar em meu ombro. Tentaste outro filho pra me salvar e ganhei uma irmã (se bem que a mãe não gostou da idéia, por ela não ser a felizarda...). Fiz o transplante, não com a mana, mas acho que vai dar certo. Está dando certo pelo menos. Me formei, estou fazendo mestrado e montei uma empresa. Larguei da namorada e embora eu chore por ela muitas noites nesse JK onde moro sozinho, não vou abandonar meu sonho. Quero mostrar que o esforço da tua vida há de valer a pena. Quero mostrar que teu filho terá sucesso na vida meu pai.
Tenho saudade dos tempos dos teus cabelos escuros e dos fins de semana regados a cerveja. Quando te vejo hoje endividado, cabisbaixo e rebaixado pela minha mãe meu coração fica pequeninho, esmagado contra o peito. Hoje ainda sou pobre em dinheiro e mesmo assim você quando pode (e mesmo quando não pode) me ajuda.
Se tem alguém que eu admiro é você meu pai. Antes de eu deixar esse mundo quero te dar motivo de alegria. é verdade que poderia começar te dando um abraço, ou mesmo trocando uma palavra amiga contigo. Como disse, nasci bruto e a vida não foi das melhores conosco até agora, mas ambos sabemos que daríamos a vida mutuamente para o bem alheio.
Você é especial meu pai.
Ficou órfão do pai ao cinco anos; viu a última grana da família ser gasta pra pagar a faculdade do seu irmão, lutou e foi para a cidade grande. Teve uma juventude de liberdade e alegrias. Largou tudo e veio para o interior de Santa Cruz, um fim de mundo comparado onde tu andava. Conheceu a mãe e acho que meio sem querer eu apareci na história. Naquela época as coisas eram difíceis e bravamente você encarou tudo e todos, não desistiu e com luta, garra e tolerância adquiriu, pelo suor cada coisa na vida. Não foi muito, mas também nunca foi pouco. Foste um pai como poucos, sempre justo e presente. Nunca falou muito comigo e nem precisava, pois seu olhar, seus gestos sempre falaram por ti.
Ainda hoje lembro do chevrolet verde que enfrentava frio, chuva e noites em claro pra trazer comida pra casa. Lembro do ronco do caminhão subindo a lomba de casa a noite eu eu alegre que ficava de reconhecer o barulho e correr pra frente de casa pra te esperar. Ficava contente de sentir o cheiro do motor diesel, guerreiro estacionando em casa. E quanto me encheia o coração quando você trazia um pacote de balas ou um sorvete ou qualquer coisa que tinha junto. Lembro das vezes que eu ia junto e de tão pequeno que eu era conseguia ficar de pé em cima do banco e nem batia a cabeça no teto. Lembro da felicidade que era eu tirar seus sapatos e buscar os seus chinelos no quarto e fuçar no meio dos seus dedos.
O tempo passava e eu crescia sem perceber. Os tempos bons iam ficando pra trás e a gente nem percebia. Chegara minha adolescência e o caminão não fazia mais parte da família. Você abrira uma sorveteria e trabalhava noite e dia naquela máquina e quando cansava daquilo corria pra trabalhar na oficina em casa. Aprendi o ofício e te ajuda com alegria. Também no chapeamento eu mexia e aprendi como poucos nesse Brasil a trabalhar numa lataria com qualidade. Aprendi contigo também mecânica e dignidade, gosto pelo trabalho e força de vontade. O governo mudou, a economia também e as coisas ficaram difíceis. Mas nem assim as coisas faltaram em casa. Teu trabalho sempre foi suficiente. Calotes te deram, e você se manteve. Arregaçou ainda mais as mangas e encarou a vida com seriedae. Veio meu irmão e acho que você se realizou duplamente. Ambos te amamos meu pai. O tempo passou e as coisas não melhoraram. Sim, os tempos de fartura e alegria ficavam cada vez mais distantes. Quase morreu em um acidente. Perdeu muito, mas não se abalou. Trabalhamos juntos e como sempre me incentivava para estudar, embora eu não quisesse. Entrei para faculdade e com seu esforço ela foi se concretizando. Mas as vacas magras contiuavam a pastar em casa. Mais calotes e sua boa vontade atraía falsários para nossa família. Mas encaraste as dificuldades e com trabalho e esforço redobrados andou pra frente. Caí de moto, quebrei a perna e esteve ao meu lado. Vendeste bens e submeteu-se para me ver melhor. Melhorei. Depois veio minha leucemia e por 8 anos lutamos juntos. Não sei como conseguiste meu pai. Tiraste forças da onde? Perdeu o resto que tinhas. Poucos deram ajuda. Muitos viraram as costas. Teus cabelos ficaram brancos, os óculos te chegaram como parceiros para não mais te abandonar. As preocupações trouxeram o vício do cigarro e o trabalho massante secou teu corpo. O vigor e a virilidade de antes hoje são apenas percebidas pela força da tua voz. Alta por verdade, mas serena. Minha saúde piorava e estando eu a dias de um fim inglório, largou teus a fazeres, endividado, exausto e cabisbaixo não me abandonaste. Vi chorar em meu ombro. Tentaste outro filho pra me salvar e ganhei uma irmã (se bem que a mãe não gostou da idéia, por ela não ser a felizarda...). Fiz o transplante, não com a mana, mas acho que vai dar certo. Está dando certo pelo menos. Me formei, estou fazendo mestrado e montei uma empresa. Larguei da namorada e embora eu chore por ela muitas noites nesse JK onde moro sozinho, não vou abandonar meu sonho. Quero mostrar que o esforço da tua vida há de valer a pena. Quero mostrar que teu filho terá sucesso na vida meu pai.
Tenho saudade dos tempos dos teus cabelos escuros e dos fins de semana regados a cerveja. Quando te vejo hoje endividado, cabisbaixo e rebaixado pela minha mãe meu coração fica pequeninho, esmagado contra o peito. Hoje ainda sou pobre em dinheiro e mesmo assim você quando pode (e mesmo quando não pode) me ajuda.
Se tem alguém que eu admiro é você meu pai. Antes de eu deixar esse mundo quero te dar motivo de alegria. é verdade que poderia começar te dando um abraço, ou mesmo trocando uma palavra amiga contigo. Como disse, nasci bruto e a vida não foi das melhores conosco até agora, mas ambos sabemos que daríamos a vida mutuamente para o bem alheio.
Você é especial meu pai.
1 comment:
oi
como me comovi vendo este teu post...
quem dera poder escrever isso do meu pai...infelizmente nao posso, mas admiro vc por ter tido um super pai ter sido um super filho...
agora vc tmb tem u seu e sei q fara o mesmo por ele...
brigas e desavenças sempre existirão...mas o amor de um pai por um filho sempre é maior...
sei q como vc o Joaquim vai admira o pai q tem, pela força de vontade de viver e ser alguem algum dia na vida...
ele ainda nao entende, mas quando entender sei q vai te dar um super abraço e te dizer q te ama...
bjos
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